ATA DA VIGÉSIMA OITAVA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 19.09.1996.

 

Aos dezenove dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e noventa e seis reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e vinte e oito minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Luiz Antônio Cecchini, nos termos do Requerimento n° 19/96 (Processo nº 1754/96), de autoria do Vereador Edi Morelli. Compuseram a MESA: o Vereador Isaac Ainhorn, Presidente desta Casa, o Senhor Luiz Antônio Cecchini, homenageado, o Senhor César Acosta Rech, representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, a Senhora Dilva Molon Cecchini, o Major Cláudio Núncio, representante do Comando Geral da Brigada Militar, o Senhor Reni Toschei, representante da Associação Comercial, e o Senhor Marcos Rachewski, representante da Associação dos Empresários da Zona Norte. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, assistirem à execução do Hino Nacional. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome das Bancadas do PDT, PT, PTB, PMDB, PC do B, PPS, PSDB e PST, discorreu a respeito da admiração que sente pela determinação e empenho do Senhor Luiz Cecchini, que através do seu trabalho conquistou o respeito da sociedade porto-alegrense. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PPB, relembrou momentos da vida do homenageado, destacando seu espírito humanitário. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, falou do respeito e da admiração pelo homenageado, cumprimentando-o pelo seu trabalho. Como Extensão de Mesa, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Atílio Manzolli Júnior, Presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas. Logo após, o Senhor Presidente convidou os filhos do homenageado: Norton, Daniela e Gisele para fazerem a entrega do Diploma de Cidadão Emérito de Porto Alegre, aproveitando a oportunidade para entregar o livro comemorativo aos dez anos do novo prédio da Câmara Municipal, sob o título "Porto Alegre à Beira do Rio e em Meu Coração". Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Luiz Antônio Cecchini, que falou da importância deste momento, agradecendo aos Vereadores e amigos pela presente homenagem. Às vinte horas e vinte e dois minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e declarou encerrada a presente Sessão. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn e Reginaldo Pujol e secretariados pelo Vereador Reginaldo Pujol. Do que eu, Reginaldo Pujol, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Damos por abertos os trabalhos desta Sessão Solene para entrega de Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Luiz Antônio Cecchini.

Convidamos para integrar a Mesa: Sr. Luiz Antônio Cecchini, homenageado; Sr. César Acosta Rech, representando o Sr. Prefeito Municipal; Major Cláudio Núncio, representando o Comando-Geral da Brigada Militar; Sra. Dilva Molon Cecchini; Sr. Reni Toschi, representante da Associação Comercial, e Sr. Marcos Rachewsky, representante da Associação dos Empresários da Zona Norte.

Convidamos a todos para ouvirmos, de pé, a execução do Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional).

 

Convidamos para compor a Mesa o empresário Atílio Manzolli Júnior, Presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas.

A presente Sessão destina-se a prestar homenagem de outorga do Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Sr. Luiz Cecchini.

Convido o Ver. Reginaldo Pujol para presidir os trabalhos, a fim de que este Vereador possa fazer uso da palavra.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Com satisfação assumo a condução dos trabalhos, assegurando ao Ver. Isaac Ainhorn, representando as Bancadas do PDT, PT, PTB, PMDB, PC do B, PPS, PSDB e PST, o uso da tribuna.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente dos trabalhos, meu colega de Mesa, Ver. Reginaldo Pujol; meu querido homenageado, Luiz Antônio Cecchini, minhas Senhoras e meus Senhores. A mim se reveste de uma situação muito peculiar e especial participar desta Sessão Solene, por várias razões: uma delas por ser, na condição de Vereador, o autor espiritual e quem fez a indicação. De outro lado, as ligações dos laços pessoais e afetivos que me ligam a Luiz Cecchini, amigo que, no curso dos anos, aprendi a respeitar e admirar por sua determinação, seu caráter, seu espírito de luta, por sua combatividade, pelo seu empenho, e, nos momentos difíceis da vida econômica, da conjuntura econômica, ele sempre se comportou numa linha de vencer e superar os obstáculos e adversidades. Não seria diferente para um homem que tem a sua história ligada ao trabalho, um homem que, na sua história, no seu perfil, buscou o seu espaço, o reconhecimento da sociedade, e a história dele, da sua família, dos seus amigos, da sua cidade, através do trabalho, que é a sua origem. Isso me diz muito, e é a origem de todas aquelas linhas que permearam a formação da nossa Cidade, do nosso Estado e do nosso País. Nós somos um país muito jovem; vamos completar apenas 500 anos. São poucas as linhas eventuais de raízes nobiliárquicas e de tradição num país de 500 anos, mas a nossa formação e a do Rio Grande se deu na conjunção de várias etnias e essas etnias é que forjaram o espírito do gaúcho. Cada um de nós tem a sua família engajada nesse processo de formação social da nossa Cidade e do nosso Estado. Do século passado pertence a imigração italiana e alemã; de raízes um pouco maiores a presença portuguesa, notadamente na Cidade de Porto Alegre; a presença indígena, daqueles que já estavam aqui; e a presença do negro. Mais recentemente, do século XX a presença de outras etnias, em escala menor, mas que formaram e forjaram o nosso Estado: a presença judaica; a presença árabe, nas suas diversas variantes, libanesa, síria; a presença de um conjunto de etnias espanholas; hoje identificamos muito pequena, mas presente em nosso Estado, a presença japonesa. E dentro deste quadro podemos compreender a figura do nosso homenageado, filho de pedreiro e de distribuidor de gelo e bebidas. É daqui de Porto Alegre. E foi dentro dessa linha de trabalho e determinação que começou ajudando seu pai na distribuição de gelo e bebidas em Porto Alegre. Foi assim que começou a história desse homem que conheci na data magna do Rio Grande, no 20 de setembro, a data do seu aniversário. E hoje, véspera do seu aniversário, estamos aqui lhe outorgando o Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre.

Fora esse lado de que falei, o lado do trabalho, de sua estrutura familiar, da determinação, da coragem, da luta, um outro lado se destaca na noite de hoje: é a capacidade que tem o Luiz de cultivar amigos, cativando as pessoas que com ele convivem.

Eu e minha família podemos dizer que temos a honra de conviver com a sua família, figuras que fazem da casa de Luiz um amplo espaço democrático. E desse espaço nós participamos: quer seja aqui em Porto Alegre, quer seja, quando, de forma descontraída, vamos à casa de Luiz Cecchini na praia. Sempre há fumaça irradiando da chaminé da churrasqueira do Luiz na praia, de forma permanente.

Até agora fiz um perfil do Luiz como homem inserido na vida da Cidade do ponto de vista econômico, do Luiz inserido no contexto dos seus amigos, das suas relações. Há de se destacar outros setores que determinam o reconhecimento do Legislativo Municipal, da representação política da Cidade de Porto Alegre. Evidentemente que esses motivos que já referi já bastariam para o reconhecimento do seu título, uma figura singular que, por si só, mereceria o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre. Gostaria de referir um outro lado da vida do Luiz, fora o lado do empresário bem-sucedido que decorreu pelo seu trabalho, determinação, seu perfil de amigo, de uma estrutura familiar. Gostaria de referir um lado anônimo pela peculiaridade do seu negócio - ele tem uma rede de lojas de brinquedos. Sou testemunha de um número infindável de ações, de natureza comunitária, de ajudas anônimas às mais diversas creches e instituições existentes na nossa Cidade. Hoje, num dia em que a Cidade presta uma homenagem ao Luiz, conferindo-lhe o título de Cidadão de Porto Alegre, não poderia deixar de fazer o registro também desse lado do Luiz que ele pratica: o amor ao próximo. É esse o outro lado do Luiz Cecchini que eu, nesta oportunidade, gostaria de destacar, porque os outros, como já disse, por si só bastariam para que a Cidade lhe prestasse a homenagem. Ele está presente, ele é uma figura em todos os espaços da sociedade. Ele é um tipo singular, uma figura. peculiar, é uma pessoa. Por esses registros, a Cidade hoje reconhece nele as qualificações necessárias para que votássemos, por unanimidade, e lhe outorgássemos o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre, porque o seu trabalho é comunitário. É esse o seu empenho como empresário, mas um empresário que tem sempre em vista o espírito presente. Eu refiro, nas escrituras do Velho Testamento, um dos princípios da justiça social, o amor ao próximo e a justiça social pregados no Velho Testamento e que são a base tanto do judaísmo quanto do cristianismo, e aqui são as linhas que norteiam o perfil de comportamento do Luiz Cecchini. Por isso, Luiz, nós te escolhemos e votamos nesta Casa, elegendo-te Cidadão Emérito da Cidade de Porto Alegre. Meu reconhecimento a ti, o reconhecimento da Câmara Municipal de Porto Alegre, o reconhecimento dos teus amigos, dos teus familiares, de todos nós, da Cidade de Porto Alegre. Tenho certeza de que esse encontro solene aqui da Casa servirá, cada vez mais, para te estimular a. continuar essa tua linha, tua trajetória de vida que escolheste e que vais continuar por muitos e muitos anos levando à frente. Muito obrigado, Luiz. A Câmara Municipal de Porto Alegre te homenageia nesta data. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Agradecemos ao Ver. Reginaldo Pujol, que colaborou com esta Presidência, e passamos a palavra ao Ver. João Dib em nome do PPB.

 

O SR. JOÃO DIB: (Saúda os componentes da Mesa.) Srs. Vereadores, minhas Senhoras e meus Senhores. Alguém pode ter ficado preocupado porque o Dib deixou de citar os homenageados. Fiz, propositadamente, para citar os homenageados do dia de hoje, meus amigos Luiz Cecchini e a sua companheira de todos os momentos, Dilva. Eu sempre digo que a vida é feita de momentos e que um momento de felicidade vale uma vida. O Luiz Cecchini, com a Dilva, com seus filhos, seus netos e seus amigos, está vivendo um momento de felicidade, está vivendo uma vida em poucos minutos, e esses momentos devem ser muito bem guardados para que outros momentos que não sejam tão bons possam também ser vencidos. É difícil falar sobre uma pessoa como o nosso homenageado, quando todos os amigos aqui presentes sabem tudo sobre ele, mas tenho certeza que, lá no céu, o seu Pedro, que os amigos chamavam de "Pepino", e a dona Angelina estão olhando satisfeitos pelo filho que geraram, mostrando que deram a esta Cidade uma figura extraordinariamente boa. Não vou falar dos títulos que ele já recebeu por aí afora, e todos, sem dúvida alguma, merecidamente.

Quero falar da criatura humana Luiz Antônio Cecchini. Trabalhou com gelo, mas aquele gelo que ele transportava todos os dias não diminuiu em nada o seu calor humano. Realmente é um homem preocupado com os amigos que tem. É um homem que é todo calor humano.

O Luiz Cecchini estava sério enquanto o Isaac Ainhorn falava. Nós todos estamos acostumados a vê-lo sorridente e transmitindo otimismo, alegria, esperanças, porque ele acredita que as coisas melhoram, e melhoram mesmo.

Deixei para citar o casal no final porque ninguém tem direito à homenagem sozinho. Alguém ao seu lado sempre o ajudou nos momentos mais difíceis, e eu disse que a vida é feita de momentos. Aquela platéia composta da Dilva, Norton, Gisele, Daniela, e agora acrescida do Gabriel e da Paola, estavam presentes nos momentos difíceis para dizer: "Segue em frente, nós te apoiamos e vai dar tudo certo". E dava, porque era pensamento com otimismo, era solidariedade humana entre a família. Os amigos diziam: "Vai que nós, com pensamento positivo, te acompanharemos".

É por isso que a Câmara, por unanimidade, homenageia hoje este Cidadão Emérito da Cidade de Porto Alegre, eis que ele aqui nasceu. Isso significa que Porto Alegre também espera mais, e, tenho certeza, esta Câmara, que representa toda a população de Porto Alegre, também, de que tu vais continuar com todo este calor humano, que nenhum gelo conseguiu diminuir, servindo a tua Cidade, dando satisfação a teus familiares e alegria para todos os teus amigos. Sucesso para você. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em nome do PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Indagavam-me há pouco por que razão, após termos ouvido esses dois ilustres homens públicos da Cidade, coincidentemente aqueles que um maior número de porto-alegrenses conduziu a esta Casa, Ver. João Antonio Dib e Ver. Isaac Ainhorn, nós não havíamos delegado para nenhum deles falar em nome de nossa legenda - o PFL - Partido da Frente Liberal, sabidamente uma legenda ainda pequena na Cidade de Porto Alegre. A resposta é muito simples, pois nós, do Partido da Frente Liberal, nos sentimos muito à vontade quando esta Casa faz justiça às pessoas que acreditam no trabalho, que fazem do esforço diurno a sua meta e conseguem, através do enfrentamento dos obstáculos que naturalmente o mundo oferece a todos nós, não só sobreviverem com dignidade como, também, atingir objetivos e desfrutarem com toda a justiça do mérito, do reconhecimento e do aplauso da sociedade. O PFL não pode calar diante de uma circunstância como esta, em que um ilustre empresário de Porto Alegre, cuja vida já foi amplamente decantada por seus amigos que ocuparam a tribuna anteriormente... deixar de estar presente e dizer, em alto e bom som, que se integra nessas homenagens e com elas se solidariza. O PFL proclama de forma muito objetiva, altissonante, que realmente é desses homens e desses testemunhos que o Brasil, que o Rio Grande e que Porto Alegre estão carecendo. Uma sociedade em mutação como esta em que dramas muito fortes afligem o conjunto da sociedade e ocupam e preocupam os estudiosos, aqueles que examinam a realidade sócio-econômica do Brasil presente, quando todos nós estamos empenhados na busca do aumento da ativação econômica do emprego e outras situações que contribuam para que a igualdade social, prosperidade e bem-estar cheguem aos lares de maior número de brasileiros... Se nós, efetivamente, reconhecemos que emprego e educação são hoje aquilo que mais necessário se torna para os brasileiros, temos que somar à corrente de aplausos daqueles que, de uma forma ou de outra, ressaltam a ação de empresários, como é o caso de nosso homenageado. Não há emprego sem empresa e não há empresa sem empresários. Por isso, eu, que não tenho a felicidade de ter um convívio tão forte com o homenageado de hoje, o ilustre Luiz Antônio Cecchini, nem tampouco tive a convivência com os seus pais que, certamente, como acentuou o Ver. João Dib, teriam muito orgulho do nosso cidadão no dia de hoje, eu, que hoje vim conhecer o Norton, a Gisele, a Daniela, posso cumprimentá-los dizendo que o testemunho que o seu pai ofereceu à sociedade, com muito mais força oferece à família, dizendo que no trabalho se encontra a resposta, a solução, o meio, o modo para se superar as dificuldades e contornar os obstáculos que surgem. Eu lhe trago o meu abraço, que não é de intimidade, mas de grande respeito, porque nós do PFL admiramos quem trabalha. Meus cumprimentos. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós convidamos os filhos do homenageado, Norton, Daniela e Gisele, para fazerem a entrega do diploma representativo de Cidadão Emérito de Porto Alegre.

 

(É feita a entrega do título.)

 

Quero aproveitar a oportunidade, também, para entregar ao homenageado o livro comemorativo dos dez anos do novo prédio da Câmara Municipal, sob o título "Porto Alegre à Beira do Rio e em Meu Coração".

 

(É feita a entrega do livro.)

 

Com a palavra, o homenageado de hoje, Sr. Luiz Antônio Cecchini.

 

O SR. LUIZ ANTÔNIO CECCHINI: (Saúda os componentes da Mesa.)Lê).

"Tenho vivido nestes últimos meses a expectativa do meu nome ter sido indicado pelo ilustre Ver. Isaac Ainhorn para receber o honroso título de Cidadão Emérito da Cidade de Porto Alegre, situação esta que passei a viver, de bons momentos, lembranças, e me questionar se eu era merecedor deste título e a me perguntar por que eu.

Olhando no espelho, me vi menino, nascido no bairro Rio Branco, na Rua Francisco Ferrer, esquina Cabral.

Lembro da nossa primeira mudança para a Rua Vasco da Gama. Eu já tinha nove anos e estudava no Grupo Escolar Uruguai, este então na Rua Esperança. Ajudava em casa no trato de animais (eram quatro cavalos - o Fronteira, o Caboclo, o Balancin e o Andorinha), pois meu pai tinha um carroção e fazia um reparte de gelo.

Em 1948 fui estudar no IPA, porém, sempre trabalhando com meu pai até fazer o serviço militar na PE, isto já no ano de 1955.

Tenho boas lembranças deste período da nossa cidade, do bonde, dos primeiros arranha-céus, do campo do Grêmio (a baixada), do prado em que eu espiava os cavalos a correr, quando os mesmos passavam na curva dos Olhos D'Água, e que um cavalo, chamado Estensório, que era o campeão... da construção da Av. Ipiranga, da chegada dos Jangadeiros, vindos de Maceió para Porto Alegre em uma jangada, do campo do Polo onde é hoje o Hospital de Clínicas, lembro do primeiro Congresso Eucarístico Nacional, em 1948. Na Redenção, brincava soltando pandorga e andando de carrinho de lomba no morro do IPA onde não tinha nenhuma construção. Jogava futebol nos campinhos da zona e tinha um viveiro cheio de passarinhos que eu gostava muito. Meu cinema preferido era o Baltimore.

Acho que conheço Porto Alegre porque trabalhava na rua, principalmente na Cidade Baixa. Onde estamos agora era rio e a última rua daqui era a Pantaleão Teles, de muitas lembranças.

Mas eu sou uma pessoa de sorte. Em 1961, casei com a Dilva, fonte de toda minha inspiração de conquista .Nasceram filhos, que são a razão da fortaleza de nossa família.

No mesmo ano comecei a trabalhar na Flora Medicinal, depois no Palácio dos Enfeites até o ano 1973. No fim deste ano criei a SUPERFESTAS, empresa pequena no início, com apenas dois funcionários, mas com espírito e o objetivo de ser uma grande empresa. O Norton, meu filho, sempre trabalhou comigo nos objetivos. Hoje ele é meu sócio e vamos terminar 1996 com 25 filiais e mais de 300 colaboradores diretos, e pensando o que mais nós podemos fazer.

Nesta minha trajetória não posso deixar de lembrar com gratidão nomes de muitos amigos que eu tenho e que participaram e continuam participando da minha alegria pessoal. Cito somente um que eu considero que foi um dos maiores e que não está mais aqui conosco: o Sr Rocha Brito. A bondade deste português fez muito bem para minha vida.

Agora, aqui, vivo com muita alegria porque vejo muitas pessoas de quem realmente eu gosto muito. O título de Cidadão Emérito de Porto Alegre é honra que transformo em orgulho para meus filhos e netos.

Conheço centenas de cidades por todo o mundo, nenhuma igual a ti, Porto Alegre. Tu és mais bonita. Tu és mais cheirosa. Tu és mais gostosa. Tu és mais charmosa. Eu te acompanho desde 1936 e é aqui que vivem as pessoas que eu amo.

Cidade que possui o lindo Rio Guaíba, cercada de morros, morro Santa Tereza, onde moro, morro da Polícia, morro Milenar e outros. Esta é uma situação que a nossa vida imita: um sobe e desce de momentos que fez com que a minha vida assumisse um ritmo dinâmico que me trouxe até aqui. Como eu gosto de ti, Porto Alegre! O que eu posso fazer mais por ti, Porto Alegre?

Talvez eu possa fazer mais uma vez 20 anos. Sim, porque hoje eu estou fazendo 20 anos (três vezes 20 anos). Ou menos ainda, porque encontrar-se com a criança que está dentro da gente é encontrar-se com a nossa verdade maior.

Talvez, por isso, seja tão importante brincar, estar em festa.

Que esta vida seja sempre uma SUPERFESTAS!”

Muito obrigado, Srs. Vereadores; muito obrigado, Sr. Isaac Ainhorn; muito obrigado, meus amigos.(Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Eu não conhecia esse novo lado do Luiz Cecchini, do poeta., do homem que fez todas essas evocações e que, com certeza, mexeu com o interior e a sensibilidade de todos nós. Particularmente a mim, mais ainda, porque quando falei da conjugação das etnias no início do meu discurso, falava, dava uma característica de compreensão sociológica desse fenômeno da formação da nossa Cidade. Depois que o Luiz Cecchini falou e lembrou as suas peripécias, das éguas e dos cavalos, da carroça de seu pai, e o Dib falou do pai do Cecchini, o senhor Pepino, lembrei-me também de alguns anos mais tarde, mas também um pouco exatamente dessa história, lembrei da égua da carroça do meu pai, a Cigana, e depois uma caminhonete ano 54 que meu pai comprou. Nós mais empurrávamos do que outra coisa. Fez lembrar do meu falecido pai e de todos aqueles momentos. O Luiz Cecchini morava na colônia africana, porque ali, na Cabral com a Francisco Ferrer, era conhecida como "Colônia Africana". Eu nasci dez anos depois e morava no Bom Fim. Nasci do lado do Bar João, que não era do seu João, próximo ao Serafim. Muito filme assisti no cinema Baltimore. Estas evocações mexem com todo nós. Tenho certeza de que esta foi uma das mais singulares, Ver. João Dib e Ver. Reginaldo Pujol, das mais densas Sessões Solenes que eu, como Vereador, nesses dez anos - V. Exa., Ver. Dib, com seus 30 anos de Vereador - assisti nesta Casa.

Gostaria de agradecer a presença de todos que prestigiaram este ato.

Está encerrada a presente Sessão.

 

 

(Encerra-se a Sessão às 20h22min.)

 

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